Tradução: Cezar Souza


Em seu artigo, "As Limitações do Teísmo Cético Puro", Paul Draper argumenta que o teísmo cético não pode ser aplicado aos argumentos humeanos do mal (como o próprio argumento de Draper). Para ter certeza, Draper repete alguns dos pontos que ele fez antes. No entanto, parece que (muitos) teístas céticos precisam de algumas atualizações. 

Definições 

Como lembrete, o teísmo cético afirma: "... devemos ser céticos quanto à nossa capacidade de discernir as razões de Deus para agir ou abster-se de agir em qualquer instância particular." [1] 
Além disso, os argumentos humeanos do mal são argumentos que se concentram na comparação de várias hipóteses em sua capacidade de explicar a existência do mal. 

O ponto de Draper

A principal objeção de Draper ao teísmo cético é que ele realmente não muda nada no que diz respeito à nossa situação epistêmica. É verdade que, pelo que sabemos, Deus tem uma razão moralmente suficiente para permitir vários males no mundo; no entanto, também é verdade que, até onde sabemos, Deus não tem razões moralmente suficientes para permitir vários males no mundo. Na verdade, pelo que sabemos, Deus é capaz de realizar tudo o que ela deseja sem todo o mal no mundo. [2] 

Um dos teístas céticos mais populares é Michael Bergmann. Sua versão do teísmo cético afirma que nosso conhecimento dos bens e males não é o mesmo de todos os bens e males que realmente existem. Portanto, só porque não podemos ver uma boa razão para Deus permitir o mal, isso não significa que não haja uma boa razão. Bergmann afirma que o teísmo cético pode ser aplicado aos argumentos do mal, como o argumento de Draper. Isso porque, de acordo com Bergmann, o argumento de Draper se baseia na avaliação da probabilidade de haver vários males, dada a hipótese do teísmo clássico, mas o teísmo cético nega que possamos fazer isso. 

A resposta de Draper é que Bergmann está confundindo probabilidade objetiva com probabilidade epistêmica. Mesmo se, de acordo com Draper, não formos capazes de determinar a probabilidade objetiva de haver vários males dado o teísmo, isso não implica que não possamos atribuir uma alta probabilidade epistêmica de que vários males não existiriam dado o teísmo. [3] Portanto, os argumentos do mal ao estilo de Draper não dependem da suposição de que estamos em uma posição de ver que Deus não tem um bom motivo para permitir a existência do mal. 

Não parece tão difícil ver por que alguém teria/deveria ter um alto nível de confiança de que não veríamos os tipos de mal que observamos se o teísmo fosse verdadeiro; toda a razão pela qual existe um problema do mal é porque, prima facie, parece haver uma tensão entre a existência de Deus e a existência do mal!

Conclusão

Talvez haja uma versão do teísmo cético que possa ser aplicada aos argumentos humeanos do mal, como o argumento de Paul Draper. Por enquanto, entretanto, parece que o veredito é que o teísmo cético é inútil quando aplicado a certos argumentos do mal. Ou, o teísmo cético por si só não pode minar argumentos particulares do mal. [4]

Notes

[1] https://www.iep.utm.edu/skept-th/#H6 
[2] Draper, Paul (2013). The Limitations of Pure Skeptical Theism. Res Philosophica 90 (1):97-111.
[3] Ibid.
[4] Eu acho as alegações, "A existência do mal não conta como qualquer evidência contra Deus", e, "O mal não dá a ninguém justificação prima facie para acreditar na inexistência de Deus", incríveis. Não acho essas afirmações confiáveis.

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